Wednesday, 20 February 2013

PRINI LOREZ

Prini Lorez was a humbug!

According to Wikepedia the word humbug refers to a person or thing that tricks, deceives, talks or behaves in a way that is deceptive, dishonest, false, or insincere, often a hoax or in jest. 

That's exactly what Prini Lorez was! 

He was a kid from São Paulo called José Gagliardi Junior who was born on 8 May 1942. He started singing rock'n'roll tunes with a group called The Rebels in 1960. They recorded for an independent called Young in 1960. When the label folded two years later, Zezinho (his nickname) went over to (bigger) independent label RGE and recorded an EP with The Avalons. Even though the band was pretty good nothing much came out of it.

In the meantime Galli Jr. (his other nickname) would sing nightly at trendy night-club Lancaster in Rua Augusta accompanied by The Jet Blacks, the hottest rock band around. Lancaster soon became the most fashionable night club in town and their gigs were really hot. When José Scatena, RGE's owner, was told there was a new sensation in town he went there to check it out. 

When Scatena saw the energy and enthusiasm generated by Galli Jr. & The Jet Blacks he had the meanest idea: as Trini Lopez was a new sensation in the US and Europe but still hadn't a proper label to distribute his records in Brazil, Scatena thought he would use a ruse to make money for his label. 

According to Wikipedia: ruse is a deception; an action or plan which is intended to deceive someone. 

Scatena rushed Galli Jr. and The Jet Blacks to the RGE studios and made them record some of Trini Lopez's repertoire. A week later RGE released 'America' as a single having the name PRINI LOREZ printed on the sleeve. José Gagliardi Junior became Prini Lorez in an operation to cash in on Trini's popularity. 

'America' with Prini Lorez shot up the charts. A second single was soon released: 'La bamba' with Prini Lorez went straight to Number One... and RGE made a lot of money. 

Two months later Reprise finally made a deal with Odeon-EMI which started pressing Trini Lopez's records in Brazil. At this particular junction in time 'America' and 'La bamba' were being played on the radio by either Prini or Trini. Nobody knew exactly who was who. Eventually, people realized they had been duped and did not like the story.

Prini, our Brazilian Galli Jr., never actually got over this prank. Even though José Gagliardi Junior was a real good performer and a talented young man he never 'recovered' from it to make a name of his own. 

Prini dropped the Lorez surname. Actually he should have dropped the whole damn thing altogether and start anew. Prini went on to sing at TV show 'Jovem Guarda' in 1965 and 1966 but somehow his 'dark past' never let him. He ended up being depressed and abandoned his singing career and try a new life in the U.S.A. He eventually came back here and went into obscurity.
O nome Prini Lorez ainda é controverso, passados quase 50 anos do lançamento do album PRINI LOREZ pela RGE de José Scatena no primeiro semestre de 1964. Marcia Sedaka escreve em 19 Fevereiro 2013:

Quem é Prini Lorez? Através de um recurso de publicidade, até certo ponto justificável (para mim, propaganda enganosa), a RGE lançou Prini Lorez envolvendo em mistério sua identidade. Possivelmente esse truque aguçou mais ainda a curiosidade dos discófilos e dos programadores de radios, que são os responsáveis pela introdução de um novo cantor. Não discutindo a validade do recurso, o fato é que Prini Lorez passou a ocupar todas as paradas de sucessos do país, e um ídolo nasceu da noite para o dia. Poderia passar por um cantor de Porto Rico, mas é paulista.

Fica provado que com arte, estávamos aptos a produzir discos no Brasil com recursos nossos que faziam frente aos melhores similares estrangeiros. É o famoso 'gato por lebre'. Não concordo com o que foi feito, mas que foi uma sacada de mestre, ah isso foi. Hoje com toda a parafernália, não dá mais para enganar o público. O disco até que é interessante (nunca tinha ouvido todo o disco antes), dentro dos recursos pobres da época. A diferença do Prini Lorez para o Trini Lopez é brutal. Dentro do que foi proposto gravar, achei que ele patinou em 'I want to hold your hand' e 'Like a baby', música de Paul Anka, que naquela época estava completamente fora da 'media'. Mas não é que a musica do Anka até que é bonitinha? Creio que o autor não a tenha gravado; fui conferir nos meus alfarrábios e tenho-a com a Annette Funicello.

Resposta de Carlus Maximus em 20 Fevereiro 2013:

Oi, Marcia, tive chance de escrever sobre a historia do Prini Lorez, quando digitei o livro do Vander Loureiro, membro do conjunto doo-wop The Beverlys, que fez 'back-vocals' para o Prini alguns anos durante a época da Jovem Guarda. 

O fator que está faltando na sua análise, não é nem tanto o 'enganar ou não enganar' (to be or not to be) tão Shakespereano, mas a oportunidade-de-negócio que não deve ser perdida. Note bem, a gravadora norte-americana Reprise (que gravava o Trini Lopez) não tinha representantes no Brasil, porisso o José Scatena, diretor da gravadora paulista RGE, muito esperto, sabia que ele teria tempo suficiente para lançar um Prini Lorez, chegar ao 5o. lugar com 'America' e 1o. lugar com 'La bamba', antes que a etiqueta do Frank Sinatra entrasse em contacto com a EMI e Trini Lopez, o original, pudesse ser lançado no mercado brasileiro.  É tão elementar, meu caro Watson, o que aconteceu mercadológicamente. O Scatena deu um golpe de mestre, trabalhando contra o tempo.

E olha que não dá quase para saber qual gravação é melhor: 'La bamba' com um ou com outro. Eu fiz o teste, na época, e achei pouca diferença. Na verdade, tenho que confessar um segrêdo antigo: eu gostei mais de 'La bamba' com o Prini Lorez. Pronto, disse tudo (there, I've said it again)!

Gostava muito de 'America' com Prini Lorez também, pois, justo na época, eu era 'rato de parada de sucesso' e não perdia nenhuma. Meu domingo começava as 8:00 com a 'Parada da Nacional paulista', continuava as 10:00 com as '25 mais' do Ricardo Macedo, da Radio Bandeirantes e terminava o domingo na Radio Cultura escutando além dos 25 singles mais-vendidos, os 5 LPs, e os 5 compactos-duplos mais procurados. É assim que eu acompanhei todo o sucesso de LPs como 'O fino da bossa', 'Tamba Trio', 'Zimbo Trio' etc. Tempo mágico aquele,  quando a gente tem 13, 14, 15 anos... tudo é muito mágico e eu sou feliz de ter vivido aquele período.

O problema do Prini Lorez, como artista, começa logo em seguida ao lançamento do (verdadeiro) Trini aqui no Brasil. Ele só tinha uma saída: teria que ter mudado de nome e começado novamente.  Talvez, por preguiça, ele não o fez, e nunca mais encontrou seu 'nicho'. Vander me disse que o Prini era o único para o qual o Roberto Carlos 'tirava o chapéu'... e olha que o RC conheceu 'cobras' como Jorge Ben, Wilson Simonal e Tim Maia... precisa falar mais?

No programa Jovem Guarda, o RC, além de anunciar o Prini, cantava um pouquinho com ele, isso é, dava uma canja com ele, como se dizia na gíria de então. Tudo isso para dizer que o Prini tinha valor intrínseco. Vander disse que quando eles acompanharam o Prini em 'When the saints go marching in', foi um auê no Teatro Cultura Artística, auditório do Canal 9, quando do programa inaugural 'Linha de Frente', que o Carlos Imperial produziu para o Eduardo Araújo, que seria o 'Jovem Guarda' da TV Excelsior.

Vander disse que o camera-man que ficava na grua (acho que é o nome da torre de câmera) soltou um expletivo quando eles terminaram a apresentação, de tanta admiração. Infelizmente, foi o canto-de-cisne dos Beverlys, pois exatamente nesse domingo haviam agentes da Ordem dos Musicos de São Paulo no auditório que aplicaram multa altíssima ao conjunto por cantarem sem 'ordem' da Ordem.

Logo depois Prini foi chamado de volta para a TV Record (talvez exigência de RC), mas The Beverlys não puderam voltar mais ao programa Jovem Guarda pois a multa tinha escalado em Progressão Geométrica e a direção da Record não quis pagá-la. Foi um complô da Ordem, que o Vander diz ter sido  por motivo racista, já que The Beverlys era o único conjunto negro nas cercanias. 

Tudo isso só p'ra dizer que o José Gagliardi Junior, vulgo Prini Lorez foi uma sensação. Na verdade, pelo relato do livro do Vander, o Gally Jr. estava fazendo o maior-sucesso-da-paróquia na boite Lancaster circa 1963/1964, sendo acompanhado pelos Jet Blacks, quando o Scatena passou por lá numa noite e viu que dalí poderia surgir um Trini local, sendo que o Scatena já tinha ouvido o 'P.J.'s proudly presents Trini Lopez' da Reprise. Veja você que foi tudo o destino que preparou. O Prini conseguia entusiasmar a plateia de um night-club jovem, exatamente como o Trinidad Lopez fazia em Los Angeles, California. Parecia que o destino conspirava à favor. 

Note que nesse LP há gravações que Prini fez para a RGE em 1961, quando ele ainda era parte dos Avalons, em sua 2a. formação. Notei que você comentou sobre a 'fraqueza' de 'Like a baby', música do Paul Anka. É porque era, junto 'Dooby dooby wah', sobra de 1961. A inclusão de 'I want to hold your hand' no LP final não fez muito sentido mesmo. Foi para 'encher lingüiça', como se falava antigamente. Mas as músicas 'copiadas' dos 2 albuns do Trini Lopez estão entre boas e ótimas.

De como Zezinho se transformou em Prini Lorez

Quando José Scatena, diretor da gravadora RGE, entrou no Lancaster, night-club para jovens da rua Augusta, e viu Zezinho Gagliardi e Jet Blacks interpretando ‘La Bamba’ e levando ao delírio a ‘avant-garde’ augustiana, ele começou a ter idéias para capitalizar em cima de tal êxtase coletivo. Que tal se eles gravassem todo aquele repertório do Trini Lopez, cuja gravadora Reprise ainda não tinha representante no Brasil, e lançassem um LP similar antes que o original aparecesse por aqui?

Zezinho topou e seu nome foi prontamente mudado para Prini Lorez. Scatena simplesmente trocou o T de Trini (Trinidad, por extenso) pelo P de Prini, e o P de Lopez pelo R de Lorez. Assim, José Gagliardi Jr. tornou-se Prini Lorez.

Gravou-se um LP inteiro a toque de caixa. ‘La Bamba’ e o resto do repertório foram gravadas seguindo à risca os originais, prática, aliás, nada nova, pois era, básicamente, o que faziam The Rebels, The Beverlys e os outros conjuntos na gravadora Young em 1959 e 1960. Scatena não inovou em nada, a não ser na alteração do nome do artista principal.

Scatena gravou o Prini cantando seis faixas de 'Trini Lopez at P.J.'s', o 1º LP de Trini Lopez  para a Reprise [‘America’, ‘La Bamba’ - os dois primeiros singles, mais ‘If I had a hammer’, ‘Cielito lindo’, ‘This land is your land’ e ‘Gotta travel on’], três faixas de ‘More Trini Lopez at P.J’s’, segundo LP de Trini de 1963, que Miguel Vaccaro já tinha em sua possessão [‘Walk right in’, ‘If you wanna be happy’, ‘Lonesome traveller’] e ainda deu para incluir ‘I want to hold your hand’, dos Beatles, a nova sensação mundial; ‘Like a baby’, um remanescente do ‘velho’ Paul Anka e ‘Dooby dooby wah’, gravados em 1961 por Zezinho e The Avalons.

Até a voz do apresentador da boite P.J.’s anunciando: ‘And now, P.J.’s proudly presents... Prini Lorez!’ no início de 'America', a primeira faixa do LP, foi copiada ipsis-literis pelo Scatena. Como no original, o disco da RGE também dava a impressão de ter sido gravado numa boite barulhenta, com copos tilintando, vozes sobressaindo-se, palmas, côros e algazarra geral. Rapidamente o disco chegou às lojas e vendeu muito. E cá entre nós, em questão de qualidade não havia grande diferença entre o original e a ‘cópia’.


A farsa Prini Lorez 

(artigo escrito por Ademar Dutra para a Revista Melodias de Julho 1964, Ano XI - no. 84)

A ideia de se lançar à praça, um cantor nacional, com o nome de Prini Lorez, antes que no Brasil chegassem as matrizes ou 'tapes' de maior sucesso do cantor Trini Lopez, já é uma falta de ética muito grande, na indústria fonográfica. E atualmente no disco, parece que vale tudo. Produtores que se consideram gênios, são tão fracos de personalidade e tão vazios de ideias, que não hesitam em lançar mão de processos que ludibriem o público. Tudo isso em função da vendagem de discos. Não importa que o público compre gato por lebre. O que interessa, aos donos de gravadoras, é faturar. 

No caso específico - Trini Lopez x Prini Lorez - felizmente a imprensa especializada soube separar o joio do trigo e não acusar o bom Galli Júnior, que gravou na Chantecler já com nome trocado; pois era conhecido como Zézinho, cantor e violonista de conjuntos de rock e twist. Realmente o moço tem suas qualidades e merecia - pelo menos - gravar com nome próprio. 

Ora senhores! Se uma oportunidade aparece na carreira de um jovem, que até o momento não conseguia projetar-se e a direção de uma fábrica, de repente abre-lhe as portas para que ele grave vários discos, o jovem não é culpado. Nem tem culpa um jogador de futebol, quando o técnico de seu quadro utiliza um esquema técnico improdutivo. Agora, o cúmulo! A Odeon já recebeu os tapes do primeiro LP de Trini Lopez e vai lançar o disco à praça. TRINI, que é apadrinhado de Frank Sinatra, tem realmente cartaz. E a fábrica gravadora do PRINI, mais uma vez o utiliza e manda o seu LP para as lojas, junto com o disco da Odeon. Não haveria nada demais se toda a historia fosse igual, mas o moço Prini Lorez, tivesse seu nome real na capa do disco. Aí, sim! Seria uma competição somente. Porém, dessa maneira, é apenas mais um dos processos que as gravadoras utilizam para enganar o público. 
artigo de Ademar Dutra 'denunciando' Prini Lorez; por trás do artigo havia uma polpuda propina da EMI-Odeon, que fez campanha contra o sucesso inesperado de Prini Lorez da RGE.

Nota do blogger sobre artigo do Ademar Dutra:


Confesso que nunca entendi a razão de Ademar Dutra ter escrito um 'editorial' tão negativo assim contra um artista nacional (Prini), mesmo que esse tivesse praticado o 'supremo' crime de imitar um cantor estrangeiro (Trini), algo bem corriqueiro no cenário artístico do rock nacional.

Só consegui entender esse ataque do Ademarzinho Dutra, depois que Vander Loureiro, ex-membro do conjunto vocal The Beverlys (que fez muitos back-vocals para o Prini) me disse que a EMI-Odeon pagou um jabá violento a vários DJs de São Paulo para que esses boicotassem os discos RGE do Prini, e tocassem os do Trini Lopez em seu lugar. 

Só depois de saber dessa 'operação payola' por parte da Odeon-EMI é que fez sentido o Ademar Dutra fazer toda essa demagogia sobre 'gravadoras só querem faturar'. Oras bolas, pelo que eu saiba, no sistema capitalista toda empresa é feita para 'faturar'. A natureza do sistema capitalista é a procura do lucro acima de qualquer outra prerrogativa

Esse 'editorial', que deve ter sido ditado ao Ademarzinho, é totalmente demagógico. Não que eu aprove a tramoia do José Scatena, mas todo mundo sabe que não há santos ou anjinhos nessa indústria, como em qualquer outra.

Quem deveria ter sido 'condenada' é a gravadora Reprise, que 'dormiu no ponto' e não lançou o Trini Lopez no Brasil em tempo hábil, quando o discos do tex-mex já faziam sucesso nos USA e Europa há algum tempo. 

Quem falhou aí foi a gravadora norte-americana, que só percebeu que estava 'dormindo' quando 'America' subiu ao 5o. lugar e 'La bamba' chegou ao 1o. posto na parada brasileira. Aliás, nem 'America' (de autoria do maestro Leonard Bernstein), nem 'La bamba' (Domínio Público) são composições originais de Trini Lopez. 

Enfim, nessa briguinha eu fico do lado da RGE, contra a multinacional que 'dormiu de toca'.


Ademar Dutra

Ademarzinho Dutra era um DJ da Radio Nacional paulista que sempre ficou na 'cola' do Antonio Aguillar. Isso é, ele sempre 'herdou' os programas do Aguillar enquanto esse ia subindo no ranking das emissoras paulistas. 

Aguillar a princípio (1961-1962) tinha um programa 'ao vivo' de 3 horas nas tardes de sábado, na Radio Nacional, que depois foi para a TV Paulista. Em 1963, Aguillar ficou muito famoso para a OVC (Organizações Victor Costa), e foi contratado pela TV Excelsior para levar seu programa para o Canal 9. Era o tempo que ferviam os conjuntos instrumentais como Jet Blacks, Jordans e The Clevers. No Rio, a Celia Vilela mantinha programa similar na TV Continental. 

Ademarzinho substituiu Aguillar na OVC, e quando a TV Record comprou o contrato do Aguillar da TV Excelsior e o levou para o Canal 7 para lá fazer o 'Reino da Juventude', a TV Excelsior trouxe Ademar para continuar o trabalho do Aguillar.  

Já nos anos 2000, Ademar foi contratado pela Radio 9 de Julho, que tinha sido regatada pela Curia Metropolitana de São Paulo (a emissora tinha sido cassada pelo regime militar nos anos 1960), que inaugurou uma grade popular bem interessante. Ademarzinho Dutra chegou a ter um programa lá. Eu escrevi uma carta, mas nunca obtive resposta. Passou menos de um ano e fiquei sabendo que ele tinha morrido. 
coluna de Ademarzinho Dutra na revista Melodias.

Ademar Dutra, DJ da Radio Nacional paulista, casa-se a 30 Maio 1964, com a senhorita Jacira Guimarães, na Igreja Presbiteriana de São Paulo, na rua Nestor Pestana. Na foto acima aparece o sr. Victor Costa Filho, presidente da O.V.C. (Organização Victor Costa). 

'Correio da Manhã' 28 June 1964 - columnist João do Valle gives his verdict against Prini Lorez, following similiar lines as Ademar Dutra had done at 'Melodias', corroborating the thesis EMI-Odeon paid some in the musical press to vilify Prini & RGE. 
'America' / 'If I had a hammer', primeiro compacto-simples de Trini Lopez lançado no Brasil pela Reprise-Odeon. Too little too late...
Prini sings at Jovem Guarda on TV Rio presented by Roberto Carlos and accompanied by The Jet Blacks.
Prini tells his own story to Revista do Rádio in 1965.

Com todo seu jeitão de porto-riquenho, Prini Lorez, ou seja José Gagliardi Junior, nasceu mesmo em São Paulo, em 8 de maio de 1942. Estudou no Colégio Alvarez Penteado e mais tarde passou para o Liceu Tiradentes. Imaginava formar-se advogado quando conheceu José Scatena, diretor da gravadora RGE, que o convidou para fazer um teste de cantor, prontamente aceito. 

Prini tem 1,65 e pesa 70 quilos. Reconhece que está ficando gordo, mas não pretende fazer qualquer regime. Já praticou natação defendendo as cores do Palmeiras. 

- Eu era estudante quando me entusiasmei com um programa que Miguel Vaccaro Netto apresentava na Radio Panamericana de São Paulo. Para ir até esse programa, formei um conjunto entre amigos, denominado The Rebels. Tivemos bons resultados. Depois, entrei para The Avalons, quando então conheci o José Scatena, na RGE. 

Prini, agora ele ficará apenas sendo chamado assim, revelou-nos que no início do ano passado sofreu um sério desastre de automóvel, que quase lhe custou a vida. Viajava no seu carro Volks para Cotia-SP, a fim de visitar uma fã, quando diante de um caminhão que trafegava na contra-mão, foi obrigado a frear bruscamente. Seu veículo derrapou, subiu em um barranco e capotou. 

- Felizmente não sofri qualquer lesão mais grave. Fui obrigado a vender o carro por apenas 700 mil cruzeiros. 

- Por que Roberto Carlos o chama de 'lenheiro'?

- Eu acho que é mesmo por causa do meu físico. 

- Está arrependido de ter deixado os estudos?

- De certa forma, sim, porque sempre pretendi me tornar advogado. Por outro lado nada tenho a queixar-me pois graças às minhas gravações e viagens, ganho o suficiente para viver muito bem. E tenho contrato também com a TV Rio, para apresentar-me semanalmente no programa Jovem Guarda.

too little too late: at the end of 1965 Prini Lorez says he will drop Lorez from his name... and stop imitating Trini Lopez. He should've dropped Prini too and start anew...
as late as 1967, Prini Lorez had shortened his name to simply PRINI but still signed Prini Lorez as a song-writer. 

Monday, 11 February 2013

CARLOS GONZAGA

Carlos Gonzaga was Brazil's most popular rock'n'roll singer in the early days (1958 to 1963) but due to his being black and already in his thirties when he went to # 1 with his Brazilian cover of Paul Anka's 'Diana' - he was never considered good enough for the covetous title of 'King of Rock'. 

Even though Gonzaga had a string of  Number One hits with 'Diana' (1958), 'Oh Carol' (1959), 'Eu canto assim' (1960) etc. when it came to being crowned as the King of Rock, only white young singers like Sergio Murilo, Ronnie Cord or Demetrius ended up being chosen instead. And that's the way it was. Here's Carlos Gonzaga's story.


Carlos Gonzaga, ou José Gonzaga Ferreira, nasceu em Paraisópolis-MG, em 10 Fevereiro 1924. Desde menino José chamava a atenção para seu talento de cantor. Em 1943, com 19 anos, transferiu-se do sul de Minas para Campos de Jordão-SP e depois para São Paulo. Em 1954, com 30 anos, Carlos assinou contrato com a RCA Victor no Rio de Janeiro, gravando o 78 rpm 80-1486, 'Anahí', célebre guarânia paraguaya vertida ao português por José Fortuna, acoplada a 'Perdão de Nossa Senhora', um tango-sertanejo composto por Palmeira e Teddy Vieira.

Nota-se pelos primeiros 78 rpms que Carlos Gonzaga fora lançado como cantor de guarânias e do 'semi-sertanejo', que estava na moda, principalmente pelo estrondoso sucesso em 1957, de 'Boneca cobiçada' com a dupla Palmeira & Biá. Diogo Mulero, o Palmeira da dupla vitoriosa, dava as coordenadas no departamento regional da RCA Victor, daí o fato de Gonzaga ter gravado tantas de suas composições.
a young Carlos Gonzaga sings accompanied by Enzo Barile at Radio Piratininga in São Paulo in 1953. Carlos was then known as José Gonzaga. Revista do Radio. Gonzaga had won a contest at São Paulo’s Radio Bandeirantes, being given a slot there for 6 months.
Circa 1953, he signed with Radio Emissora de Piratininga and stayed at the 1.200 kilohertz for 4 years. In 1957, he signed with Radio & TV Record where he stayed for another 4 years.
Buck Ram, o compositor de 'Only you' e 'The great pretender' que Gonzaga gravou como 'Meu fingimento', abraça-o em 1957, quando da visita dos Platters, de quem era empresário. 


P a s s e a n d o    n a    c h u v a 

Em seu 10o. single, 'Meu fingimento', versão de Haroldo Barbosa para 'The great pretender' (Buck Ram) do conjunto do-wop The Platters, a RCA deixa que seu contratado varie seu repertório, incluindo um semi-rock, mesmo que fosse lado B de 'Amor', outra composição de Palmeira. 'Meu fingimento', sendo versão de sucesso americano recente, tocou bem nas radios, pois no seguinte suplemento, a RCA lança 'Passeando na chuva' (Cai a chuva sem cessar, vai molhando o chão... e eu a caminhar alimento um ilusão...) versão do radialista Gioia Junior para  'Just walking in the rain', gravação de Johnny Ray, tornando-se assim o 1o. grande sucesso de Carlos Gonzaga. Me lembro que 'Cai a chuva sem cessar' tocava muito no serviço de alto-falantes da paróquia de São Sebastião em Marília-SP.
'Just walking in the rain' foi composta em 1952, por Johnny Bragg e Robert Riley, dois prisioneiros servindo tempo na Tennessee State Prison em Nashville, depois de um comentário que Bragg fêz quando atravessavam o pátio da prisão enquanto chovia. Ele disse: 'Olha aqui nós passeando na chuva e pensando o que as garotas estariam fazendo.' Riley achou que daria uma boa musica e dentro de poucos minutos o Bragg compôs a letra. Só que ele era analfabeto e pediu à Riley que pusesse a letra no papel, e assim, acabou ganhando parceria.

Bragg tinha um conjunto chamado The Prisionaires, e gravou-a para a Sun Records, tornando-se um sucesso local em 1953. Johnny Ray gravou 'Just walking in the rain', alcançando o 2o. lugar na Billboard em 17 de Novembro de 1956.
'Quisera te dizer' (It's not for me to say) 1o. longa-duração (de 10" polegadas) de Carlos Gonzaga, já mostrava que ele tomaria o caminho do rock'n'roll traduzido, afastando-se assim das guarânias e sambas rurais.

A RCA aproveitou o sucesso de 'Passeando na chuva' e lançou 'Quisera te dizer' LP de 10" contendo versões de 'Only you' (Só você) dos Platters e 'It's not for me to say' (Quisera te dizer) do Johnny Mathis, além de incluir 'Meu fingimento' (The great pretender) e 'Passeando na chuva' (Just walking in the rain).  A partir desse 10" não mais havia dúvida de que Carlos Gonzaga, que em 1957 tinha já 33 anos de idade, seria um cantor voltado para a juventude fã de rock'n'roll.
D i a n a 

Mesmo assim, Gonzaga ainda grava mais guarânias de Palmeira e Teddy Vieira, mas a partir de Abril de 1958, com o sucesso estrondoso de 'Diana', versão de Fred Jorge de um original do canadense Paul Anka, Carlos Gonzaga se torna o maior sucesso da RCA e dá adeus definitivo às guarânias, samba-canções e semi-sertanejas, muito embora o lado B de 'Diana' fosse 'Regressso', um samba-canção de (pasme!) Adelino Moreira! 'Diana', cantada em português é o disco mais vendido de 1958, eclipsando totalmente o original em inglês, mesmo tendo esse segmento hibrido: '... only you pode me fazer feliz, only you é tudo aquilo que eu quis'... talvez tenha faltado inspiração ao Fred Jorge na hora de traduzir essas palavras e ele resolveu deixar assim mesmo. O pior é que, na época, eu entendia 'Hollywood' em vêz de 'only you' quando escutava 'Diana' quando criança. Que bela confusão!

O próximo 78 rpm é 'Você é meu destino' (You are my destiny), outra versão de original de Paul Anka, acoplado com 'Por que chorar?' versão de 'Who's sorry now?' re-gravação de Connie Francis de um hit dos anos 1920s. Fred Jorge, autor de radio-novelas da Radio São Paulo, PRA-5, de-repente se torna o versionista mais quente do momento, tendo vertido 'Diana', 'You are my destiny' e 'Who's sorry now?'.

No suplemento de outubro de 1958 a RCA lança 'Louco amor' (Crazy love) do mesmo Paul Anka, mas no lado B insiste em 'Lamento de um caboclinho'. Vê-se nitidamente que a RCA ainda não tinha percebido a diferença entre 'caboclinho' e 'juventude transviada'. Para os executivos da RCA era tudo um 'balaio de gatos'. Veja como os tempos eram diferentes. Ainda não havia a percepção de que uma nova 'juventude' tinha chegado com toda força. Para os chefes da RCA, os sucessos de 'Passeando na chuva', 'Diana' e 'Você é meu destino' eram apenas 'circunstanciais'. Tanto, que se você analisar o repertório do 1o. LP de 12" de Gonzaga, lançado em Dezembro 1958, não deixa de ser hilário de ver o caboclinho lamentoso misturado com Diana; Adelino Moreira, o rei do samba-canção de cornos e bordéis, de braços-dados com Paul Anka, o garôto-sensação nascido em Ottawa, mas cidadão naturalizado da California.

Na capa do primeiro 12" de Carlos Gonzaga, a gente só percebe que ele é 'rock' por não estar vestindo terno-e-gravata, mas um cardigan moderninho. Guarânias e sambas se misturam a rock-baladas.

Passado o Carnaval de 1959, a RCA continua a explorar o veio de ouro que era o repertório de Paul Anka, convocando o novelista Fred Jorge para fazer mais versões do inglês para o português.

'Meu coração canta' (My heart sings), apesar de ser o título do próximo álbum, não conseguiu grande sucesso, pois a magnifica gravação de Paul Anka, arranjada pelo gênio de Don Costa, tocou no radio por aqui e a comparação com a versão não a recomendava de maneira alguma. Talvez fosse melhor virar o disco para o lado B e ouvir 'Isto é adeus', versão de 'So it's goodbye', do mesmo Paul Anka.

Em 1959, a RCA teria competição cerrada da EMI-Odeon, que teve a suprema sorte de contratar Tony Campello e sua irmã Celly Campello, que instantâneamente invadiu as Paradas de Sucessos do Brasil todo com 'Estúpido cupido' (Stupid cupid), de um novato norte-americano chamado Neil Sedaka, versão do mesmo Fred Jorge, que tornava-se assim o maior versionista do Brasil em menos de 2 anos.

A RCA intimou que Fred Jorge vertesse 'The diary' do vitorioso Neil Sedaka, mas a versão 'O diário', não conseguiu concorrer com a ótima gravação do autor, lançada pela própria RCA algum tempo antes. Como Sedaka não funcionou, eles apelaram para Elvis Presley, e Gonzaga gravou 'Eu quero o seu amor', versão de 'I need your love tonight', mas sem muito resultado. Na verdade, o lado B, 'Um milhão de vêzes', do novelista  Odayr Marzano é uma linda balada, que chegou a tocar bastante e agradou bem mais que a versão que o Fred Jorge fez da musica do Elvis. Carlos Gonzaga continuava a tocar pelo Brasil, mas quem dominava as paradas era Celly Campello.

A capa de 'Meu coração canta', segundo 12 polegadas de Carlos Gonzaga já traria um cantor bem mais 'moderno', usando um wind-breaker vermelho quase igual àquele usado por James Dean em 'Rebel without cause' (Juventude trasnviada). Mas assim mesmo a RCA insistia em títulos regionais como 'Velha paineira', 'Prece' (Plegaria) e músicas de Palmeira. Ela não tinha percebido que os tempos haviam mudado... para seu próprio prejuízo.

O h !   C a r o l 

Com o sucesso arrasador de Celly Campello, uma garôta de 18 anos, ficou patente que rock era para jovem e não para senhores de meia-idade. Mesmo assim, Carlos Gonzaga conseguiu dar a volta-por-cima ao gravar a versão de 'Oh Carol', de Neil Sedaka, que tinha visitado o Brasil em Novembro de 1959. Como em 1958, com 'Diana', Gonzaga conseguiu superar o original e sua 'Oh Carol' tocou pelo Brasil inteiro durante vários meses. Neil Sedaka ficou num humilde 2o. lugar.

No início de 1960 a RCA já lançava seus singles em dois formatos: no tradicional 78 rpm ou em 45 rpm de vinil, que viria a dominar o mercado em mais 2 anos, embora com a rotação diminuída para 33 rpm. No lado B do 45 rpm de 'Oh Carol', a RCA relançou a inspirada 'Um milhão de vêzes' do Odayr Marzano.

'Oh! Carol' b/w '1.000.000 de vêzes'.
Depois do mega-sucesso de 'Oh Carol', Gonzaga gravou a versão de 'Stairway to heaven' (Escada para o céu) do Neil Sedaka, tendo ao lado B, 'Podes chorar', versão de 'It's time to cry', de Paul Anka, mas deu xabú, nenhuma delas agradou.

'Eu canto assim' (Under your spell) 

Em outubro 1960, a RCA lança 'Eu canto assim' (Oh, Iracy, ai como eu amo a ti, sem ti não sei viver, mas que coisa boa é amar alguém...) versão de 'Under your spell', canção country de Buck Owens. Gonzaga, que começara cantando guarânias paraguayas e semi-sertanejo, se deu muito bem com uma versão de musica caipira norte-americana. 'Eu canto assim' tornou-se o 3o. maior sucesso dele, ao som de violinos, guitarras havaianas e todo o resto que se usa em C&W.
'The best-seller', terceiro 12" de Carlos Gonzaga dizia a mais pura verdade: Gonzaga era o maior! 

Antes de 1960 terminar, Carlos Gonzaga ainda tocou muito com 'Adão e Eva', versão de 'Adam and Eve', do Paul Anka. Mas já notava-se que embora Gonzaga fosse o 'rockeiro' que mais vendia discos no Brasil, ele nunca seria o Rei do Rock, por pelo menos 2 motivos. O primeiro, talvez, fosse o fato de ele ser Negro e o 2o., o fato de ele já estar com a avançada idade de 34 anos, embora ele não aparentasse esses anos.
Carlos sings 'Tenho você' (Almeidinha-Carlos Gonzaga) a Carnaval tune at Watson Macedo's 'Virou bagunça' released in January 1961.
Enquanto Sammy Davis Jr. se apresentava no Teatro Record em 26 Junho 1960, Carlos Gonzaga aparecia 'ao vivo' no Restaurante 707. 

Em 1961, Celly Campello (19), paulista de Taubaté e Sergio Murilo, (23) carioca, eram escolhidos Rainha e Rei do Rock do Brasil pela Revista do Rock. Ambos brancos de classe média.
'És tudo para mim' (1961), o 4o. LP de Carlos Gonzaga, mostrava que o esquema de versões de rocks norte-americanos já estava se esgotando. Versões de músicas de Paul Anka: 'Adão e Eva' (Adam and Eve) tocou bastante mas 'My home town' (Minha cidade) tocou só no original mesmo. Outras de Sedaka e Sam Cooke nem chegaram a tocar no radio. Até 'Nunca aos domingos' foi gravada, mas não tocada.
Carlos Gonzaga sings at a radio station  in Três Lagoas-MS, in 8 October 1961, accompanied by Os Anjos from Maringá-PR.
writer Maria Carolina de Jesus and Carlos Gonzaga some time in the 1960s. 

B a t   M a s t e r s o n 

Quando parecia que Gonzaga tinha chegado ao fim de sua carreira, eis que algo inesperado acontece. Carlos, que talvez nunca tivesse tido a pretensão de ser Rei de qualquer coisa, grava 'Bat Masterson', tema de abertura de um seriado 'farwest' da TV norte-americano estrelado por Gene Barry. A idéia de gravar Bat Masterson talvez tenha vindo do sucesso alcançado no ano anterior por 'Eu canto assim', musica caipira de lá. Sucesso imediato... e sucesso aterrador... só se tocava 'Bat Masterson' dia e noite.

A gravação de 'Bat Masterson' fez tanto sucesso, que aqui em São Paulo apareceu uma paródia bem chauvinista e racista que, no entanto, postamos como prova do sucesso da balada:
BASTIÃO MARTINS 

No velho Norte ele nasceu
entre baianos se criou
num pau-de-arara viajou
Bastião Martins, Bastião Martins!

Cabeça chata, sim senhor
corinthiano sofredor
foi dos baianos defensor
Bastião Martins, Bastião Martins!

E em todo Norte cantava
de Pernambuco ao Ceará
e todos baianos falavam 
de sua peixeira e do jabá

Quando em São Paulo ele chegou
um radio Spica ele comprou
na bicicleta pendurou
Bastião Martins, Bastião Martins!


BAT MASTERSON

No velho Oeste ele nasceu,
e entre bravos se criou,
Seu nome lenda se tornou,
Bat Masterson, Bat Masterson!

Sempre elegante e cordial,
sempre o amigo mais leal,
foi da justiça um defensor,
Bat Masterson, Bat Masterson!

Em toda canção contava,
sua coragem e destemor,
em toda canção falava,
numa bengala e num grande amor.

É o mais famoso dos heróis,
que o velho oeste conheceu,
fez do seu nome uma canção,
Bat Masterson, Bat Masterson!

B.Corwin-Havens Wray
versão: Edson Borges

BAT MASTERSON (Theme Song)

Back when the west was very young, 
there lived a man named Masterson. 
he wore a cane and derby hat, 
they called him Bat, Bat Masterson. 

The trail that he blazed is still there. 
no one has come since, to replace his name. 
and those with too ready a trigger, 
forgot to figure on his lightning cane. 

Now in the legend of the west, 
one name stands out of all the rest. 
the man who had the fastest gun, 
his name was Bat, Bat Masterson.

sung by Mike Stewart.

This RCA E.P. sleeve proves how popular Carlos Gonzaga was from 1957 through to 1962.
Early 1962, 45 rpm extended-plays - 2 songs on each side of the disc - turned into 33 rpm because maybe Brazilians couldn't be bothered to keep on switching the rotation-per-minute button every time they wanted to listen to a single or extended-play instead of a long-play. Even though 45 rotation-per-minute discs had a much better sound Brazilians didn't think much of it. Well, anyway, Brazilians as well as the Argentinians too, abolished the 45 rpm format and kept all their records - be it 12" long-plays or 7" singles or extended-plays in 33 rotations per minute.

This Carlos Gonzaga release was the second ever 'compacto-duplo' in 33 rpm to be put out by RCA Victor; see the serial-number: LCD-1002 and the title: Carlos Gonzaga em compact 33. It contained two previously realesed hits in the 78 rpm format: 'Bat Masterson' and 'Diabinho' (Little devil) plus two sambas that don't belong in a rock'n'roll record: 'Fumaça' written by Adelino Moreira and 'Não quero mais' (Almeidinha-João Corrêa). No wonder with decisions like those RCA soon went down the drain in Brazil.

C a v a l e i r o s     d o    c é u 


'Carlos Gonzaga canta' é seu 5o. LP, onde nota-se a troca do rock'n'roll pelo Country & Western.

Na passagem de 1961 para 1962, Gonzaga aproveita o sucesso conseguido com 'Bat Masterson' e grava 'Cavaleiros do céu' (Ghost riders in the sky) sucesso de Vaughn Monroe de 1949. Esse é o derradeiro sucesso da longa e vitoriosa carreira dele, embora ele ainda tenha continuado ativo por mais 30 anos.

Nota-se neste LP, que Gonzaga tinha posto um pé firme na música Country & Western, não só re-gravando 'Cavaleiros do céu', mas também 'No coração do Texas' (Deep in the heart of Texas) e 'Vale do Rio Vermelho'. 

Em 1962, o rock norte-americano estava num período de transição. O vigor inicial de Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley deu lugar a uma sucessão de hits inodoros chegando-se a 1962/1963, com o surgimento do twist, madison, hully-gully e outras inúmeras danças que eram simples variações da penúltima moda que cairia em desuso com o aparecimento da ultima novidade. Enfim, o rock estava atordoado e se esvaindo de energia.

No campo nacional, Celly Campello, a personalidade máxima do nosso rock se casava em Maio e, como Greta Garbo, se retirava da vida artística. O twist, na verdade, nunca conseguiu ter um sucesso brasileiro de expressão, sendo que o povo comprava as gravações originais de Chubby Checker... principalmente o 'Let's twist again'. Carlos Gonzaga bem que tentou 'O twist', mas foi um voo de galinha. Enfim, Carlos Gonzaga, aos 39 anos não era mais aquele.

E por aqui vamos ficando com a cronologia da carreira vitoriosa desse mineiro aquariano que comandou a musica jovem brasileira durante alguns anos. Carlos continuou a gravar ininterruptamente, tendo trocado a RCA pela Philips e outras gravadoras multi-nacionais.

No período 1976-1977, Carlos Gonzaga, com 52 anos de idade, voltou ao sucesso devido a popularidade da novela 'Estupido Cupido' da TV Globo. 'Diana' e 'Oh Carol' voltam a serem tocadas no radio como se 1977 fosse 1957...

Campeão de vendas de discos entre 1958 e 1962 

Carlos Gonzaga bateu um record curioso, que nunca foi alardeado por ninguém, nem pelo próprio cantor, que, talvez, não o tenha percebido.

Em minhas pesquisas sobre Paradas de Sucessos, percebi que Carlos Gonzaga foi o único artista nacional ou estrangeiro que ganhou o cobiçado troféu CHICO VIOLA por 5 vêzes consecutivas. Ninguém chegou perto dessa distinção.

Na própria incepção do prêmio, em 1958, Carlos Gonzaga ganhou o troféu pela vendagem monstro de 'Diana'. Em 1959, Gonzaga recebeu a estatueta pela vendagem de 'Oh Carol', embora essa musica esteja classificada tecnicamente como 1960; acontece que os Chico Violas eram outorgados em janeiro do ano seguinte, portanto 'Oh Carol' qualificou-se pelo ano anterior.

Gonzaga recebe seu terceiro Chico Viola em 1960 por 'Eu canto assim' (Under your spell). Em 1961, Gonzaga é o grande vencedor com 'Bat Masterson'; e termina ganhando seu quinto Chico Viola em 1962, pela grande vendagem de 'Cavaleiros do céu' (Ghost riders in the sky).

Como se nota, Carlos Gonzaga foi um dos maiores cartazes da musica popular no Brasil, mas nunca lhe deram o suficiente reconhecimento. Talvez por ele ter gravado quase que exclusivamente versões, o que faria de sua carreira algo 'menor'.
Carlos Gonzaga shows his album for RCA Victor which contained most of his early rock hits like 'Diana'... RR tried to corner Gonzaga and demand to know why he recorded 'foreign material'. Gonzaga most good-naturedly tries to explain he had already recorded a lot of Brazilian-material but the record-buying public preferred the more 'modern' sounds coming out of the USA.
Revista do Radio 23 May 1959
even though Carlos Gonzaga was always denied the King of Rock crown this independent publication anointed him with the title 'Rei do Rock Balada' - King of the ballad-rock...
Gonzaga sings at the Roquete Pinto 1958 Awards extravaganza held in March 1959.
Carlos Gonzaga rejoices in being the recepient of Roquette Pinto best singer of 1958, the year he took 'Diana' to the top of the charts.
on top of the world, ma, on the cover of 'RadioMelodias' after his 1958 breakthrough year... 
Carlos Gonzaga had the Midas touch in 1958, 1959, 1960 & 1961... Here's Carlos promoting other RCA Victor products: Nelson Gonçalves & Elvis Presley.
Carlos Gonzaga acompanhado por The Flyers em 1964.
Em 1976-1977 Carlos Gonzaga voltou ao topo da Parada de Sucesso devido ao sucesso da novela 'Estúpido Cupido', da TV Globo. Eis reportagem da época, quando Gonzaga já puxava 52 anos, era casado com Alice Campos, tinha o filho Osvaldo (24) e a filha Alice (22), além de alguns netos. 

Carlos Gonzaga morreu em 25 Agosto 2023, com 99 anos, num hospital de Velletri, na região metropolitana de Roma, Itália, onde morava com a família de seu neto Jonata Guarino desde 2022.